Para acertar mais cedo, erre mais cedo

Já percebeu o tremendo medo de errar que governa o mundo? O que é no mínimo intrigante já que existe toda uma cultura de competitividade em qualquer mercado e em qualquer área. Porém, o que as faculdades ensinam e o que os livros e cases contam é como não errar, os caminhos que deram certo, o que fazer para chegar a um resultado positivo, ou seja, só um lado da moeda.

Tudo bem, errar não precisa ser ensinado, pois em teoria basta não seguir todas as recomendações de acerto para tal, mas o problema não é esse, mas sim a fobia que se criou do ato de falhar.

Se você ver o vídeo abaixo, vai entender o que estou querendo dizer:

Tom Wujec fala sobre uma pesquisa muito simples que fez e mostra os resultados. Trata-se de um design challenge com diferentes tipos de pessoas e um objetivo muito simples, em 18 minutos montar uma estrutura com macarrão cru, fita crepe e linha, de forma que sustente um marshmallow em cima. O resultado é que grupos de crianças foram mais bem sucedidos do que grupos de profissionais. Porque? Porque as crianças não se preocupavam em errar, já começavam tentando e consequentemente aprendendo desde cedo, enquanto os profissionais discutiam, pensavam e problematizavam para só depois meter a mão na massa em uma única tentativa, e erravam tarde de mais para repetir o processo.

Para mim esse exemplo mostra um dos motivos pelos quais o Design esta tão em voga no meio empresarial hoje em dia (ok, ok, nem tanto quanto gostaríamos aqui no Brasil).

As empresas estão percebendo, que a abertura para a experimentação, para a tentativa, para aprender fazendo e principalmente a coragem de enfrentar o erro, que os designers tem, pode ser aplicado na criação de novos negócios, produtos, serviços ou processos. É o tal “feeling de designer”, de materializar algo para ver se funciona, de fazer para ver no que vai dar.

Tentativa e erro no Design, se materializa no processo de prototipagem. E olha a principal lição que o Tom Wujec tirou do seu experimento: “PROTOTYPING MATTERS”. E um dos principais fatores intrínsecos a prototipagem é o risco, principalmente quando falamos de por a prova um negócio inteiro. Porém, quanto maior o risco, maior o resultado e quanto menor o risco, mais comum tenderá a ser o resultado. Melhorar o que todo mundo está fazendo é lidar com menos risco e no máximo fazer a mesma coisa, só que melhor. E criar algo que ninguém está fazendo é lidar com mais risco, porém fazer algo único e se tornar referência. A maioria das empresas tende a procurar o caminho confiável, que é regido por números, e claro, implica em menos risco. Mas algumas empresas vão no caminho contrário, procurando por novos desafios, novos mistérios a serem explorados. Parece que mudei o assunto do post, mas acredite a lógica é a mesma.

Agora sim, mudando um pouco o assunto, embora para mim continue sendo a mesma lógica (por experiência própria), em um recente e para variar polêmico post, Norman diz “Act First, Do the Research Later”. O assunto é polêmico, pois o título da a entender que o Norman está pregando mais uma das suas afrontando o pessoal de Design Research, mas determinadas experiências em alguns projetos, fizeram com que eu me identificasse com o post dele. E o motivo é o mesmo pelo qual concordo com a lição do Tom, de que prototipar cedo é importante. O fato é que prototipar, ou seja, tentar fazer e inevitavalmente errar, é uma das formas mais eficientes de aprender sobre determinado desafio, problema, assunto ou contexto. E para determinar corretamente qual metodologia de pesquisa seguir, quais técnicas utilizar e como utiliza-las é extremamente necessário conhecer muito bem o desafio, problema, assunto ou contexto. É claro, parte dos objetivos de uma etapa de pesquisa é justamente levantar e conhecer melhor exatamente tais questões. Porém, para ter resultados de qualidade é preciso formular as perguntas certas, e é justamente agindo primeiro, como disse o Norman, que tais perguntas irão surgir. O grande problema é que como a etapa de pesquisa é preliminar, muitas vezes começamos a etapa sem o devido conhecimento de causa. Eis a diferença entre “pesquisadores” e “designers que pesquisam”.

Bom, encarar o erro como oportunidade e não como tempo e esforço perdidos. Está ai um grande desafio.

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